O conflito que se mostra no exterior é o mesmo que reside no interior

06/11/2021
O conflito que se mostra no exterior é o mesmo que reside no interior

Quando não sabemos lidar com o que se passa dentro de nós, inevitavelmente alguém, nos mostra e expressa o que precisamos olhar. Na maioria das vezes, não da maneira que nos agrada.

Os conflitos externos são tão mais intensos quanto maior é a resistência (rejeição inconsciente), alheamento, ferida emocional, dores traumáticas. Todas estas marcas vão ficar registadas no corpo, dando a possibilidade de poderem ser observadas, trabalhadas e transformadas. O corpo, oferece-nos a oportunidade de restaurar e alterar a perceção de uma realidade que se encontra distorcida. Tendemos a perpetuar por desconhecimento, inconsciência e medo, e por força do hábito, carregamos o conflito, numa tentativa inglória de nos manter vivos.

Mostrar a vulnerabilidade ainda é algo que tem um significado associado a fraqueza. Assim, a maioria o que faz, é fugir ou excluir/negar o que provoca conflito (não quer olhar a origem), acreditando que se estiverem longe, tudo fica bem.

Vejamos alguns cenários. Aqueles que:

– Não fogem de nada (os que se mostram fortes para não mostrarem a dor que sentem, pois não sabem o que fazer com ela);

– Têm o controlo das situações (são aqueles que dizem que “cortam o mal pela raiz” e ficam cada vez mais enfraquecidos porque estão cada vez mais desenraizados da sua origem)

-Já fizeram muitas formações, cursos e que já adquiriram muito conhecimento (desculpem-me o termo que vou usar, os que se sentem como iluminados, colocando- se num patamar de não vulnerabilidade, isto é “já fui assim já não sou” e confundem-se com frequência com as várias versões que foram sendo sem a devida atenção de integrar cada parte sua)

-Os que ficam muito sensíveis aos outros e ao exterior, muito preocupados, incomodam-se com facilidade, com muita inquietude, onde a responsabilidade de tudo o que está a acontecer e a culpa é dele próprio, dos outros ou do mundo em geral (mostram sensações e escondem as suas próprias emoções, querendo ser salvos ou salvar alguém e ocultam o que necessitam por não se lembrarem mais do que realmente é importante para si mesmos)

– O que se focam em manter-se otimistas, positivos (porque também não sabem o que fazer com os conflitos internos) e envolvem-se numa camada de semi-perfeição pouco consciente (são os que deitam ou deixam os conflitos “atrás das costas,” ou seja, desresponsabilizam-se de outra forma, vestindo a capa de inocência e não querem ver também);

– E há aqueles que dizem que “dão conta do recado”, não querem ver para além do obvio, não se apercebem que estão a passar por outro momento de aprendizagem, embora com contornos muito diferentes, exigindo uma estratégia diferente. Por outras palavras, tendem a dizer que “está muita poeira no ar”, sabem como lidar com essa situação e não precisam de ajuda (não se apercebem que estão a passar por um novo estágio de compreensão, cooperação, conexão consigo e com os outros). A poeira apenas vem sinalizar que estão aptos a nivelar a sua vida de outra forma e a elevá-la, apenas convencem-se que sabem fazer sozinhos, colocando em risco a aprendizagem de ficar interrompida.

Todos eles, com uma crosta de puro engano! Uma ilusão que faz jeito! Entra-se com grande agilidade em rota de colisão e em ambos os sentidos (dentro e fora de nós) e desenvolve-se a crença muitas vezes que o conflito é o culpado e nos impede de seguir em frente. O que provoca o conflito, a doença, a instabilidade mental, relacionamentos disfuncionais ou apenas desajustados é também o que nos cura. É algo que precisa ser reconhecido e este é o modo que tem para se manifestar/mostrar.

Todos estamos ao serviço de algo…, onde as emoções têm a função de nos mostrar o caminho da reconciliação, o corpo permite-nos a identificação do que está oculto, dando-nos a informação de como fazer a transformação, e a mente, fazendo a ponte entre o consciente e o inconsciente trazendo a possibilidade de podermos aprender para evoluir. Tudo parceiros de jornada!

Estamos sempre em processo. Aceitar este facto tal como ele é e com tudo o que ele nos traz, permite-nos dar um lugar à nossa vulnerabilidade, sem que nos sintamos fragilizados e sim fortalecidos porque aceitamos estar na nossa posição. Nem sempre é fácil, mas também não precisa ser difícil.

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